Um dos principais problemas na indústria de confecção de vestuário é o desperdício, milhões de toneladas de materiais têxteis são rejeitados anualmente. De acordo com o Centro Nacional de Tecnologias Limpas as indústrias de confecção de moda e vestuário “geram desperdícios significativos” de restos de processos de corte proporcionados pelo mau planejamento no processo produtivo. Esse desperdício de tecido causa impactos ambientais relacionados à produção da matéria-prima, como consumo/esgotamento de recursos naturais.
É necessário dentro da própria indústria encontrar meios e soluções para a redução de tais resíduos. Uma das soluções é o design zero waste – processo de produção mais limpa constatando novo olhar sobre a prática do design de moda , que visa à minimização do desperdício já nas fases de criação e modelagem, proporcionando nova abordagem ao desenvolvimento de produtos.
O design zero waste contesta os parâmetros preestabelecidos de corte e modelagem, exigindo que o designer abandone crenças anteriormente realizadas, a fim de avançar em um novo território. O processo convencional de desenvolvimento de produtos de moda as etapas de criação, modelagem, encaixe, corte e prototipação/costura acontecem separadamente, no design zero waste essas etapas ocorrem simultaneamente de forma interdisciplinar. A criação é realizada diretamente por meio da modelagem.
Assim, designers e modelistas devem trabalhar em conjunto, pois se trata de projetar com moldes, em vez de criar moldes para o projeto. Isso permite alterar o formato dos moldes durante a concepção em busca do melhor encaixe possível, o que exige do designer um novo pensamento e olhar sobre a criação e modelagem.
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Por Mayara Behlau, professora no Núcleo de Criação da Sigbol Fashion.
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