It Girl argentina, fashionista, boêmia, artista e libertina, essa foi Leonor Fini, considerada por muitos a “Dalí fêmea” ou a versão parisiense de Frida Kahlo.
Porém atualmente seu nome e sua história são desconhecidos pela maioria, até mesmo em Paris, onde viveu maior parte de sua vida, dominou o mundo das artes e foi umas das raras mulheres a embarcar no movimento surrealista, que até então era dominado por homens.
Leonor nunca teve formação artística, adolescente ainda na Argentina, desenvolveu uma grave doença ocular e passou meses de olhos vendados, quando curada começou a expressar a criatividade e visões que teve durante a cegueira. Assim que mudou-se para Paris logo ingressou no mesmo círculo artístico que Salvador Dalí e Picasso.
Em pouco tempo, o mundo da arte estava encantado com o erotismo de Leonor. Um trabalho sem remorso que começou a ser exibido ao lado de outros grandes nomes surrealistas.
Uma feminista antes de seu tempo, feroz e independente, Leonor trilhou seu próprio caminho e se projetou também para o mundo da moda. Estava constantemente em destaque frente a diversos holofotes com suas roupas extravagantes, aparecendo em todas revistas de todo o mundo. A imagem de Leonor como It Girl foi muitas vezes mais destacada que sua própria arte.
E criou sets elaboradíssimos para teatros e óperas. Além de ser a mente criativa por trás do frasco de perfume icônico de Elsa Schiaparelli’s “Shocking”, que pouco tempo depois se tornou a inspiração indiscutível de outros famosos frascos de perfume.
Até sua morte, em 1996, Leonor viveu em seu apartamento parisiense, com dois amantes e seus 17 gatos persas, no fim de sua vida suas obras nada valiam, porém hoje sua arte, ainda lembrada por poucos, é celebrada por sua genialidade e delicadeza.
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Por Mayara Behlau, professora do Núcleo de Criação da Sigbol Fashion