Quando falamos em alfaiataria, logo pensamos em uma peça masculina confeccionada sob medida por um alfaiate.
Essa técnica surgiu no final da Idade Média entre os séculos XII e XIV. Timidamente as mulheres começaram a usar algumas peças do guarda-roupa masculino já no século XVI. Há registro da rainha Elisabeth I, retratada em um quadro, vestindo um gibão, espécie de paletó acinturado com uma pequena basque e um calção
curto ajustado.
No século XVII, apareceu um tipo de tailleur no guarda-roupa feminino. Ele era formado por um tipo de jaqueta justa, com vários elementos das roupas masculinas, porém com um basque é usando sobre uma saia dupla e volumosa.
No século XIX, depois da Revolução Francesa que a alfaiataria começou a fazer parte da indumentária feminina. Na metade deste século, populariza-se o uso de duas peças no guarda-roupa feminino. Vestia-se uma blusa sob um casaquinho com basque e, por baixo, uma saia longa. Essas peças eram confeccionadas em Tweed em tons escuros. Esse traje só poderia ser usado para praticar esportes. Com o passar do tempo, algumas moças mais ousadas decidiram que essas duas peças poderiam fazer parte também do seu cotidiano.
No período da Primeira Guerra Mundial, as mulheres que assumiram as profissões exercidas pelos homens, adotaram a calça de alfaiataria para facilitar sua movimentação, já que os homens estavam no campo de batalha.
Nos anos 20 com influencia de Chanel algumas mulheres começaram a usar uma calça de alfaiataria , mas com um corte mais amplo( enormes pantalonas), inicialmente essa peça era usada somente como saída de praia.
Chanel nos anos 20, lançou outro tipo de tailleur, desta vez um casaquinho solto com uma saia reta com bainha abaixo dos joelhos, confeccionado em tweed (tecido usado para confeccionar peças masculinas). Esse modelo transformou-se em um clássico, atemporal e, até hoje, é usado pelas mulheres mais elegantes.
Na década de 40 entre o período da Segunda Guerra Mundial as mulheres novamente substituíram os homens no trabalho e adotaram as peças de alfaiataria.
Em 1947,Christian Dior apresentou um Tailleur que foi chamado de New Look, esse modelo marcou até o final dos anos 50, mas o grande responsável por usar as técnicas de a
lfaiataria em peças femininas em meados dos anos 60 foi Yves Saint Laurent com o lançamento do terninho feminino( colete,casaco ou paletó e calça de alfaiataria) que timidamente foi conquistando as mulheres da época. Finalmente nos anos 80, o terno com ombreiras e calça social foram adotados pelas mulheres, como uma forma de se impor no mercado de trabalho.
Nos últimos anos, a alfaiataria ganhou novos ares, como modelagens menos sisudas e emprestou suas barras, bolsos, lapelas, cores, padronagens e acabamentos sofisticados a outros estilos. Agora é possível encontrar um paletó confeccionado com todas as técnicas e acabamentos de alfaiataria em moletons e jeans ou calças esportivas com barras italianas.Nos últimos desfiles, os designers têm mostrado que existem muitas maneiras de misturar as técnicas de alfaiataria e conseguir peças menos estruturadas, mais bem acabadas. A alfaiataria está sendo adapta
da pelos estilistas com ares mais modernos e tecidos tecnológicos facilitam a produção de novas propostas. Os criadores de hoje utilizam as padronagens, as cores e tecidos típicos da alfaiataria na confecção de vestidos românticos, peças mais jovens e até no infantil. A modernização da alfaiataria fez com que ela continuasse presente na moda, segundo Mario Queiroz ela ainda pode estar nas coleções de uma maneira clássica, sendo confeccionada pelas mãos de um alfaiate. A modelagem e o acabamento são características que valorizam determinadas peças.
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Por Elizangela Gomes, Professora do Núcleo de Criação da Sigbol Fashion